Brigas pelo controle marcam empresas familiares


Após uma disputa empresarial travada entre familiares há mais de um ano, a Justiça decidiu na última terça-feira (19) pela dissolução da sociedade da Sam´s, empresa conhecida pela produção de balas e pirulitos.
Em primeira instância, os sócios Eduardo, Washington e Mário Gadelha permaneceram à frente da empresa, enquanto Thiago Gadelha e mais três sócios minoritários foram afastados da Simas Industrial.
Apesar da decisão, o caso não é o primeiro no Rio Grande do Norte que envolve brigas judiciais pelo controle de uma empresa. Além da indústria de doces, grupos de materiais de construção e escolares também foram afetados por divergências no controle operacional nos últimos anos. Saci, Armazém Pará e mais recente, o Centro de Educação Integrado - CEI estão na lista de companhias afetadas por dissoluções internas.
Para o gerente executivo da K&M Consultoria, Fábio San Martin, as empresas familiares representam 80% das companhias existentes no mercado potiguar e é "natural que ocorram mais problemas nesses locais do que em empresas que não tenham familiares no grupo de funcionários".
San Martin destacou que as empresas citadas chamam mais atenção porque são conhecidas da sociedade e são referências sócio-econômicas no estado. O consultor frisou que, nesses casos, é necessário diferenciar o que é necessidade da família e o que necessidade da empresa.
"O que acontece muitas vezes é que não é levada em consideração a competência necessária para diferenciar o grau de profissionalismo dentro da companhia", falou.
Como comparação, citou o caso da empresa Pão de Açúcar, a maior do segmento do varejo e que há dez anos enfrentou uma crise administrativa. Após a contratação de uma assessoria, foi constatado que o problema na empresa era "falta de profissionalismo".
Depois do parecer do documento, a rede passou por uma fase de reestruturação, na qual boa parte da família foi demitida.
Em seguida, o empresário Abílio Diniz assumiu o Conselho Gestor da companhia e contratou um grupo para assumir a presidência do Pão de Açúcar enquanto o grupo encontrava o realinhamento empresarial.
Atualmente, o grupo voltou ao patamar de liderança que ocupava antes da crise.
Entretanto, ele ressaltou que uma decisão como essa tende a ser difícil, já que é complicado manter questões familiares e empresariais separadas. "A decisão de demitir acaba gerando um desgaste muito grande e é comum levar isso para o contexto familiar", alertou.
Porém, não é sempre que o sucesso é verificado em situações de crise. San Martin revelou que muitas vezes o grupo é desfeito, mas a marca é mantida. A mudança acaba por desencadear o processo de falência de uma das partes.
 "Isso não é regra. Tudo pode acontecer. Mas em alguns casos, uma parte envolvida fica com a estrutura física e a outra com a marca. Depois disso é que entra a habilidade do gestor em encontrar a melhor solução", enfatizou.

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