É grande a expectativa para o almoço que a prefeita Micarla de Sousa oferece nesta quarta-feira (20) aos correligionários do Partido Verde, em sua casa de veraneio na praia de Piranbúzios (Litoral Sul), ocasião em que o estremecimento da relação entre o PV e o DEM – parceiros na administração municipal – e a sucessão no Rio Grande do Norte deverão ser os assuntos mais discutidos. De acordo com um membro da direção estadual da legenda, o clima interno no PV é de insatisfação pelo fato do partido ter sido escanteado das articulações que definiram a composição da chapa oposicionista ao Governo do Estado.
O vereador Paulo Wagner declarou ontem (19) que os líderes da oposição “tomaram um posicionamento sem ouvir o PV”, referindo-se ao encontro promovido pelo deputado estadual Robinson Faria (PMN), na semana passada, com a cúpula do DEM e o senador Garibaldi Filho (PMDB), quando ficou definido que a oposição iria para o pleito de outubro tendo a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o próprio Robinson Faria como candidatos a governador e vice, respectivamente.
Em entrevista concedida após inaugurar uma praça no bairro de Cidade da Esperança (Zona Oeste), no final desta manhã, Micarla negou a existência de qualquer clima de insatisfação dentro do PV, garantindo que a relação com o DEM continua “harmoniosa”.
“Eu desconheço qualquer clima de insatisfação dentro do PV. Esse almoço é de confraternização, para a gente definir algumas metas do partido. É algo informal. Porque se fosse formal seria numa reunião da executiva, na sede do partido. Hoje é uma conversa de militantes verdes, amigos, companheiros de partido. É óbvio que PV trabalha com a democracia acima de qualquer coisa. Não posso dizer que isso [queixas com o DEM] não aconteça entre um e outro, mas nada que comprometa a relação harmoniosa que sempre existiu entre o DEM e o PV”.
Para Micarla, o encontro na casa de Robinson não passou de uma “reunião entre companheiros”, mas que não resultou em “nada oficial” sobre a sucessão estadual. A prefeita afirmou que “no momento em que se for tomar uma decisão [sobre a chapa oposicionista], vai ser com todo o grupo unido”.
“Com certeza [o almoço na casa do deputado Robinson Faria] deve ter sido uma reunião nos moldes como vai ser lá em casa com os companheiros do PV. Onde tem político se fala de política. É óbvio que políticos quando se reúnem falam [sobre sucessão estadual], mas nada oficial. O senador José Agripino (DEM), a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o deputado federal Felipe Maia (DEM) já conversaram comigo e no momento em que se for tomar uma decisão vai ser com o grupo todo, com o grupo unido. Mas nesse primeiro momento eu estou muito focada na minha gestão. As decisões serão tomadas a partir de abril”, analisou.
Micarla confirmou que o PV ainda reivindica espaço na composição da chapa majoritária, mas sem fazer imposições. “O PV reivindica poder colaborar com nosso Estado, como colaboramos com a cidade de Natal e a Região Metropolitana. O que advogamos é que possamos fazer parte desse novo momento, onde uma nova liderança vai estar à frente dos destinos do RN. Mas não existe nenhuma imposição do PV. Nosso partido não tem essa marca. O PV tem a marca do diálogo”.
A senadora Rosalba Ciarlini, presente à inauguração da praça de Cidade da Esperança, disse que as notícias sobre o estremecimento da relação entre o PV e o DEM não passam de “especulações”. “Esse momento político tem esse lado de muitas especulações, mas se eu estou aqui prestigiando a prefeita é porque não há crise nenhuma”.
Mas enquanto Micarla e Rosalba negam o problema, alguns pevistas confidenciaram que o casamento entre os verdes e os democratas “azedou mesmo”. Sob a condição de não ter seu nome revelado, um “verde” deu o tom da situação: “A coisa está feia. O DEM acha que é o tutor do PV. Nosso partido tinha uma candidatura ao Senado, mas o DEM vetou. Tínhamos uma candidatura a deputado federal, mas o DEM também vetou. Temos nossas candidaturas a deputado estadual, mas não conseguimos espaço. Que parceria é essa?”, desabafou.
O mesmo "verde" confirmou que, por conta dessa insatisfação, há uma corrente no partido defendendo o apoio à candidatura do vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), que estaria disposto a ceder o espaço reivindicado pela legenda.
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