Os norte-rio-grandenses passaram a semana em alerta e tentando entender os motivos dos dois abalos sísmicos registrados no último sábado (9) e na segunda-feira (11) – este último chegando a ser de 4,3 graus na escala Richter. Depois de muita explicação, através da observação dos efeitos na região metropolitana de Natal e na região do Mato Grande, a notícia agora muda de foco para a resistência e estrutura física das construções do Estado.
Por muitos anos, os efeitos dos abalos sísmicos para a população não foram sentidos, omitindo-se a necessidade de uma discussão a respeito da importância de se preparar tal estrutura na área de epicentro e maior freqüência de tremores do Brasil - que engloba o Rio Grande do Norte e parte do Ceará. “As atividades sísmicas dessa região são constantes e ela, historicamente, tem maior freqüência de tremores no país”, destaca o professor e coordenador do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o sismólogo Joaquim Mendes.
Agora, com a surpresa de um terreno com alta probabilidade de tremores, a pergunta feita é: o Rio Grande do Norte está preparado para novos abalos?
Joaquim Mendes responde que não e ainda faz um alerta. “O território potiguar não está preparado para novos e grandes tremores. Ainda não sabemos o que vai acontecer, se são picos isolados ou início de um enxame sísmico, onde o território passará por vários tremores”, diz.
Ele comenta, preocupado, que o Estado não tem estrutura física para abalos sísmicos com efeitos, como os da última semana, e ainda lamenta o assunto só ser abordado no momento de atividade geológica. “Toda vez que acontece um novo tremor, o assunto vem à tona, mas é esquecido após alguns dias. Temos que pensar que isso vai voltar a acontecer”, frisa.
O especialista em abalos sísmicos lembra que em 1879, houve em Natal um tremor ‘forte’ que resultou em rachaduras em várias casas na Ribeira. “Na época, o Porto ficou interditado e o acesso a Macaíba também porque o Rio Jundiaí trouxe efeitos na área de deslocamento”, conta.
A reportagem do Nominuto.com foi em busca de informações com o órgão responsável pelo trabalho de resgate e prevenção de ocorrências de infraestrutura, o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte. Lá, o comandante da corporação, coronel Cristian Bezerril, entregou um relatório de cuidados em caso de terremotos e confirmou que não existe planejamento em relação a novos tremores.
“Trabalhamos com ações preventivas e situações de pânicos, como em casos de abalos sísmicos, mas ainda não há planejamento em relação a construções e novas regras de suporte para tremores”, explicou o comandante.
O coronel Cristian Bezerril afirmou ainda que essa discussão tem que ser feita em parceria com os órgãos competentes, como Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e autoridades da área, mas que a estrutura da corporação está preparada para atuar em casos de novos tremores. “Eu acredito que já existam ações nesse sentido, mas no tocante ao Corpo Bombeiros, a corporação é a análise preventiva de incêndio e pânico. Então, terremoto gera pânico? Gera. Temos que cobrar a evacuação rápida da área e isso é cobrado hoje pelas vias de acesso para boa circulação, com largura de escadas e saídas de emergência, calculada pela estrutura do local”, explica.
O comandante lembra que o trabalho de prevenção do Corpo de Bombeiros já atua em locais de reunião pública ou de residência multifamiliar (pousadas, hotéis). “Atualmente estamos trabalhando nessas proporções, mas, se for realmente anunciado o território como foco de epicentros, teremos que fazer uma revolução nas exigências das estruturas”, aponta.
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