Técnico do Chile promete abdicar da retranca contra o Brasil

Com dificuldades em lidar com adversários que jogam voltados à defesa, o Brasil expressou nos últimos dias através de seus jogadores a preocupação em relação à postura do Chile na partida desta segunda-feira, válida pelas oitavas de final da Copa do Mundo. No entanto, o técnico do rival deixou no ar neste domingo, ao menos nas palavras, que a intenção é atacar o time de Dunga no jogo de Johanesburgo.
Em uma entrevista coletiva densa, enrolada, em que mal olhou em direção dos jornalistas, o técnico Marcelo Bielsa afirmou que o Chile irá ao ataque contra o Brasil nesta segunda (15h30 de Brasília) no estádio Ellis Park, por uma questão de inteligência.
"O futebol criativo do Brasil é a porção mais importante de seu potencial. Defender menos é atacar, reter a bola no campo do adversário, comprometer sua estrutura defensiva. Dentro desta lógica, tentaremos atacar amanhã (segunda)", disse o argentino que comanda o Chile.
Bielsa ainda minimizou o retrospecto recente entre Chile e Brasil, amplamente favorável aos adversários na 'era Dunga' (cinco vitórias em cinco encontros) e descartou usar marcação especial para conter o jogo de Kaká.
Marcelo Bielsa é uma figura pouco comum no futebol. Não usa os lugares comuns típicos dos treinadores, tem o ar pensativo de um cientista e, olhando para baixo, exibe a timidez que seria esperada num jovem treinador, não de alguém que já dirigiu a Argentina, grandes clubes e hoje comanda o Chile.
Ouve atentamente cada pergunta, pensa e inicia toda resposta fazendo algum comentário sobre a indagação. "Se entendi corretamente a sua pergunta...", "Esta é uma pergunta difícil de responder...", "Não sei a resposta para esta pergunta, mas..." Suas respostas raramente são diretas. Ao contrário, com frequência fala longamente sem ir direto ao ponto, usando palavras e expressões sofisticadas, pouco comuns na boca de um treinador.
"Se há algo difícil numa partida contra o Brasil é defender. Uma forma de defender menos é atacar", respondeu a um jornalista que queria saber se seria "suicídio" jogar de forma ofensiva contra a seleção brasileira.
Este jeitão de Bielsa ajuda a explicar o apelido que o acompanha já há muito tempo: "El Loco". Mas não parece haver nada de "loucura" no seu pensamento. Ao contrário, o técnico do Chile demonstra conhecer muito futebol, mas não segue a cartilha do "futebolês" tradicional dos "professores" que brilham na função.

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