Com a disputa presidencial indefinida, como mostra a pesquisa Datafolha publicada hoje, o debate de encerramento do primeiro turno, hoje à noite na Rede Globo, adquiriu importância vital para as campanhas dos três principais candidatos.
A coordenação de campanha de Dilma Rousseff (PT) afirma que não vai atacar os adversários e evitará fazer perguntas diretas a José Serra (PSDB). Seu foco será na defesa do governo Lula.
Segundo assessores, no entanto, caso atacada, Dilma "estará pronta" a rebater.
A campanha acredita que o formato do debate da TV Globo é o mais "confortável" para a petista. Como ela ainda usa a bota ortopédica --fruto de uma lesão nos ligamentos--, a organização do evento desistiu do formato em que os candidatos caminhariam pelo palco.
Apostando em mais um embate entre Dilma e Marina Silva (PV), José Serra (PSDB) investirá numa linha light.
Embora tenha recolhido munição para ataques ao governo, Serra torce para que se repita o cenário do debate de domingo, na TV Record, quando a crise na Casa Civil foi abordada 12 vezes. Nenhuma delas por ele.
O candidato reconheceu a interlocutores que teme, porém, a imprevisibilidade de Marina. Como Serra terá que endereçar suas perguntas à verde, ele se preocupa com a agressividade das respostas.
A exemplo de domingo, Serra pretende evitar perguntas diretas a Dilma. "Quando você pergunta, a última palavra fica com ela", alegou a interlocutores.
Sua intenção é falar ao eleitor de renda familiar inferior a cinco salários mínimos --exaltando promessas como o 13º salário para os beneficiários da Bolsa-Família e o salário-mínimo de R$ 600.
Como munição, o candidato reúne informações sobre Correios e aumento das tarifas do setor elétrico.
MARINA
Marina promete repetir a performance mais incisiva do debate da Record, domingo passado, quando conseguiu acuar Dilma e Serra.
Aliados falam num comportamento "assertivo e afirmativo", diferente do exibido pela candidata nos encontros anteriores, em que ficou à sombra dos rivais.
Ela preparou novas perguntas sobre o escândalo na Casa Civil, que reduziu as intenções de voto em Dilma, e os gastos do governo paulista na gestão Serra.
"Os assuntos estão aí para serem esclarecidos à sociedade. Se não forem abordados por outros candidatos, a Marina vai tratar deles", diz João Paulo Capobianco, coordenador da campanha.
A avaliação no PV é que Marina teve seu melhor desempenho na Record e conseguiu capitalizá-lo no dia seguinte na cobertura dos jornais, que deram destaque às suas declarações.
A senadora cancelou os compromissos marcados para ontem e dedicou todo o dia à preparação num hotel na Barra da Tijuca, no Rio.
RETROSPECTO
Nos encontros da Band (5 de agosto), da Folha/ UOL (18 de agosto), Folha/RedeTV! (12 de setembro) e Record (26 de setembro), os três fizeram uns aos outros 39 perguntas --13 cada um.
Líder nas pesquisas de intenção de voto desde o início da temporada de debates, Dilma quase sempre usou a estratégia de fazer perguntas que lhe dessem chance de desfilar números do governo.
Apesar disso, não teve como escapar dos embates com Serra --a quem chamou de "caluniador"--, a responder sobre vazamentos na Receita e lobby na Casa Civil.
Serra iniciou a série de debates de forma agressiva. No último debate, entretanto, os questionamentos mais duros a Dilma couberam a Marina.
Já Marina fez o oposto: com atuação suave e "apagada" no início, passou a ser mais enfática.
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