Nada como um vazamento no sistema de som para revelar, ao Brasil, o que os políticos da cúpula do poder discutem, constantemente, a portas fechadas.
Sem a imprensa ouvindo, pelo menos oficialmente, os líderes do PR e do PDT bradaram a legalização dos bingos...
O líder do governo e candidato a presidente da Câmara, Cândido Vaccarezza, bradou que a PEC 300 tem que ser empurrada com a barriga...lá para o próximo ano...sem se lembrar que o assunto foi promessa de campanha da presidenta Dilma e do vice Michel Temer...
E o relator do Orçamento da União, senador Gim Argello, bradou que o ministro da Previdência pediu que o mesmo "segurasse" o salário mínimo e não concedesse o aumento...também prometido em campanha.
As revelaçãos foram publicadas pelo jornalista Josias de Souza, no seu blog do portal Folha.com...
As conversas que os eleitores do Brasil não gostariam de saber que existem, deixaram de ser ouvidas quando o presidente Lula entrou na sala para a reunião.
Não que o presidente tenha impedido de o assunto continuar...o que aconteceu foi que o sistema de som deixou de vazar.
Mas o "couvert" do banquete...nós brasileiros já sabemos...
E essa história de dizer na imprensa que a PEC 300 não foi discutida na reunião, é conversa pra enganar os bestas.
REUNIÃO FECHADA VAZA NO SISTEMA DE SOM DO PLANALTO
Do Blog do Josias (www.josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br)
Reuniu-se nesta quarta (17), a porta fechadas, o conselho político do governo. Participaram líderes partidários, ministros e Lula.
Um pedaço da reunião vazou pelo sistema de som do Planalto. O descuido só foi percebido pouco depois que Lula entrou na sala.
Antes que a transmissão involuntária fosse interrompida, ouviram-se do lado de fora diálogos entre reveladores e esdrúxulos.
A certa altura, líderes de partidos que integram o consórcio governista pressionaram o Planalto a apoiar projeto de legalização dos bingos.
Líder do PR, o deputado Sandro Mabel (GO) disse que parte do dinheiro auferido com a jogatina poderia ser usada para tonificar as arcas da saúde.
Com isso, disse o deputado, o governo não precisaria criar um novo tributo para custear as despesas do SUS.
O líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, afirmou que as verbas do bingo poderiam ter outra serventia.
Financiariam um reajuste maior do salário mínimo que vai vigorar a partir de 2011.
Presente ao encontro, o relator do Orçamento da União, senador Gim Argello (PTB-DF) disse que há “margem” para conceder ao mínimo um reajuste mais expressivo.
Mas, sem saber que sua voz era ouvida fora da sala, Argello fez uma inconfidência. Disse que o ministro Carlos Gabas (Previdência) lhe pediu que “segurasse em R$ 540” o valor do novo mínimo.
Por quê? Segundo Argello, o ministro está preocupado com a incapacidade financeira das prefeituras.
Argello disse que, se o salário mínimo for fixado agora numa cifra entre R$ 560 e R$ 600, vai a R$ 700 no ano que vem.
Preocupados, os prefeitos teriam produzido um abaixo assinado com as assinaturas de 600 executivos municipais.
Nesse ponto, o empresário Sandro Mabel dirigiu ao sindicalista Paulinho um gracejo infeliz:
“Paulinho, nesta questão do aumento do salário, precisa tomar cuidado. O povo quando fica rico, fica mais exigente”.
Numa intervenção feita minutos antes, Paulinho levara à mesa uma ameaça ao futuro governo de Dilma Rousseff.
Disse que haverá uma greve nacional de policiais militares se não for aprovado no Congresso um projeto que institui o piso salarial para PMs e bombeiros.
A ameaça de Paulinho soou depois que o líder de Lula na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) sugeriu que a análise do projeto fosse adiada para 2011.
“É preciso continuar firme e não permitir que se crie dificuldades para o novo governo”, disse Vaccarezza.
Ecoando o deputado, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) também encareceu aos congressistas que não aprovassem projetos que criem novas despesas.
Referia-se a duas propostas: a que interessa a policiais e bombeiros e a que eleva os contracheques dos servidores da Justiça Federal.
Bernardo orçou o primeiro em R$ 43,5 bilhões. Quanto ao segundo, estimou que sorverá R$ 7 bilhões das arcas do Tesouro.
O ministro insinuou que há no Judiciário funcionários que recebem salários acima do teto: “Como vai dar reajuste se o cara ganha mais que o teto?"
Súbito, Lula entrou na sala de reuniões. E o som que borrifava as vozes para além das paredes foi cortado. Uma pena.
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