Japão tenta evitar desastre nuclear enquanto mortos por tremor passam de 3.300

O número de mortos em virtude do terremoto e dos tsunamis que atingiram o nordeste do Japão na última sexta-feira (11) chegou a 3.373, informou nesta terça-feira (15) a agência de notícias Kyodo News, citando a polícia japonesa.
De acordo com a emissora NHK, somente na Província de Miyagi foram confirmadas 1.619 mortes, enquanto 1.219 pessoas ainda estão desaparecidas. Em Iwate, também no nordeste do Japão, 1.193 pessoas morreram e 3.318 estão desaparecidas.


Ao mesmo tempo em que equipes lutam para recuperar corpos e, com alguma esperança, procuram por sobreviventes, o Japão se prepara para as consequências de um possível vazamento radioativo de grandes proporções. 

Ao menos quatro reatores da central nuclear de Fukushima apresentaram sérios problemas após o terremoto de 9 graus na escala Richter. Três explosões e um incêndio atingiram o local, liberando partículas radioativas diretamente na atmosfera, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). 

O ministro das Relações Exteriores do Japão, Takeaki Matsumoto, admitiu nesta terça-feira que o nível de radiação após o incêndio no reator 4 da central nuclear de Fukushima 1 pode causar danos à saúde da população. 

- O reator número 4 sofreu um incêndio, e a radioatividade poderá ser prejudicial à saúde das pessoas. No que diz respeito ao reator 3, vamos injetar água para fazer o resfriamento. 

Matsumoto disse que o governo ordenou a retirada de milhares de pessoas da região de Fukushima para evitar a possível contaminação por radiação. 

- Ordenamos a retirada os habitantes em um raio de 20 km e pedimos para que os moradores em um raio de 30 km fiquem em suas casas. A situação é difícil. Estamos fazendo todos os esforços possíveis para resolver o problema. 

Vento ajuda a dispersar radiação 

A boa notícia é que os ventos que sopram sobre o nordeste do Japão afastam para o oceano a radioatividade que paira sobre a região de Fukushima, indicou nesta terça-feira (15) uma porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU (Organização das Nações Unidas).

Maryam Golnaraghi, coordenadora do programa de redução de riscos em desastres nucleares, disse que as condições meteorológicas favorecem a dispersão dos dejetos radioativos liberados após seguidas explosões em três dos reatores. 

- Todas as condições meteorológicas estão levando [a radioatividade] para o mar, sem implicações para o Japão ou outros países próximos. 

As condições "vão variar à medida em que os sistemas meteorológicos evoluam", explicou Golnaraghi. 

- Ainda não poderemos dizer, ao longo dos próximos dois ou três dias, o que vai acontecer.
Com a poeira radioativa atingindo o mar, os peixes e outros animais marinhos podem ficar contaminados, de acordo com José Willegaignon de Amorim de Carvalho, físico-chefe do setor de medicina nuclear Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
Essa contaminação, no entanto, ocorre em um nível muito baixo, que não causa danos à saúde humana. Segundo Carvalho, seria mais preocupante se o material radioativo tivesse atingido o continente em grandes quantidades. 

- No mar ocorre a dispersão do material. É como se fosse um grande tanque de água, [a radiação dilui]. Os peixes podem se contaminar, mas em um nível baixo, que pode não trazer implicação futura. 

Mais cedo, a AIEA havia alertado, em comunicado, para a emissão direta de substâncias radioativas na atmosfera. 

- As autoridades japonesas informaram hoje à AIEA às 4h50 [0h50 de Brasília] que a piscina de depósito de combustível usado do reator número 4 da central de Fukushima Daiichi estava em chamas, e que emitia radioatividade diretamente na atmosfera. 

Após o incêndio, que já foi controlado pelas equipes de Fukushima, as medições de radioatividade no local estavam acima do recomendado, embora o governo japonês tenha tipo que os níveis estão declinando constantemente.

R7


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