O alerta de Geraldo Melo na retomada do Catavento


O ex-senador Geraldo Melo volta à ativa... 
Não na política, mas na blogosfera. 
E depois de quase dois anos com seu blog "Catavento" sem atualização, anuncia o retorno e estreia comparando o Japão a Natal. 
Dá um recado-alerta. Eis: 

DEFESA CIVIL E IRRESPONSABILIDADE 
O drama apocalíptico quevive o Japão, a tremenda capacidade do seu povo de sofrer e de manter a serenidade, a rapidez com que aquela sociedade reage, ao ponto de ter começado a restaurar as suas estradas no mesmo dia do terremoto-tsunami, obrigam-nos a pensar em nós. Em nosso cruel e irresponsável despreparo para lidar com essas situações. Basta lembrar o que aconteceu nas serras do Rio de Janeiro. Lá não houve o inesperado dos terremotos e dos tsunamis. Apenas choveu muito no período normal das chuvas.

Para refletir um pouco, faço aqui hoje apenas a narrativa de um fato que me foi lembrado ontem por um amigo sério e a quem muito admiro, e que demonstra que, além de não sabermos o que fazer quando a calamidade acontece, não damos a mínima para prevenção de coisa alguma. 
O fato não aconteceu do outro lado do mundo, mas aqui mesmo, em Natal. 
Durante o governo de Tarcisio Maia, o Prefeito de Natal, Vauban Farias, estava fazendo a duplicação da avenida Getúlio Vargas, quando ocorreu um severo deslizamento de terras na encosta entre a avenida e o mar, soterrando ou danificando casas e deixando vítimas. 
Naquele tempo, o Prefeito de Natal era um auxiliar do governador e por ele nomeado, resultando que o Governador do Estado era também responsável pelos problemas do município da capital.

O governador Tarcisio Maia cumpriu o seu papel. Esteve pessoalmente no local e tomou duas decisões importantes: determinou que toda a área fosse declarada "non edificandi". Novas construções estavam proibidas no local. A segunda decisão foi a de mandar construir, em outra área, casas a serem doadas pelo governo estadual a todas as famílias atingidas pelo deslizamento. 
O governador, com essa segunda medida, agiu em consonância com a sua correta convicção de que o Estado tinha responsabilidade pública no problema, o que, aliás, demonstra a elevada e clara visão de Estado que ninguém pode negar em Tarcisio Maia.

O tempo passou. Tarcisio foi embora, a competência do governo do Estado para tratar dos problemas da capital foi transferida inteiramente para o governo do Município, cuja autonomia foi restabelecida e cujos prefeitos passaram a ser eleitos pelo voto direto da população, a partir de 1985. 
E o que ocorreu depois? 
Basta passar lá e olhar: nasceu uma rua paralela à rua do Motor, que já existia quando o deslizamento aconteceu. Novas construções surgiram no local, inclusive prédio de três andares. O município -- encarregado de zelar pela proibição de construir naquela área -- ou autorizou ou ainda não viu as construções feitas nem notou que estava pavimentando ruas que não deviam existir e provendo iluminação e outros serviços públicos no local, associando-se, desse modo, à infração. 
Passe lá. Dê uma olhada. 
Se um dia -- que Deus nos livre e guarde -- alguma infelicidade recair novamentesobre aquela área, qual será a desculpa? 


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