A guerra pela audiência transformou o perfil dos executivos de TV e eliminou aos poucos a parcela de arte e romantismo que envolvia esse meio de comunicação. Técnicos e somente com metas numéricas, os profissionais responsáveis pelas grades (na sua maioria) pensam somente nos produtos que darão retorno comercial, viabilizarão projetos em outras mídias e garantirão o maior número de telespectadores. A preocupação com a qualidade aparece no final da lista, uma vez que a impressão que dá é que o conteúdo é apenas um recheio de algo maior. Técnicos e somente com metas numéricas, esses profissionais já não sabem mais o que é arte popular ou como construir um programa com “valor emocional”, aquele que será lembrado por vários anos pelo telespectador. Agora, o que vale é a memória instantânea, a memória por temporadas.
Não é de hoje que se discute os rumos da televisão brasileira e quem entra nesse tipo de conversa sabe que não há espaço mais para teorias; o que vale é a estratégia, mesmo com a certeza de que não há qualidade no que foi exibido ou planejado. Os números são mais importantes, garantem o salário no final do mês, mexem com o ego dos administradores e podem ser transformados em bonificação. Então, por que se preocupar com o futuro, com os comentários que virão daqui a alguns anos? “Não sei nem se estarei vivo até lá para ganhar alguma coisa com isso”, completou um executivo que conversava com este colunista sobre o atual momento de nossa televisão.
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