Grupo português Ongoing quer comprar o SBT


A principal dúvida que paira sobre o mercado brasileiro de comunicação diz respeito ao futuro do SBT, joia da coroa do império construído por Silvio Santos. O empresário, que completa 81 anos em dezembro, não preparou uma sucessão interna e aqueles que foram seus principais executivos durante décadas, como Luiz Sandoval e Rafael Palladino, estão sendo indiciados pela Polícia Federal pelo rombo de R$ 4,3 bilhões deixado no banco Panamericano. Silvio decidiu vender todos os seus ativos, como as Lojas do Baú e a empresa de cosméticos Jequiti, mas é provável que tenha que entregar também a joia da coroa. Especula-se até que isso teria sido acertado pelo empresário e o presidente Lula numa conversa que ambos tiveram antes das eleições presidenciais de 2010, em troca do apoio que o empresário recebeu do governo federal – o Panamericano, socorrido pela Caixa Econômica Federal e depois pelo Fundo Garantidor de Crédito, já precisa de mais R$ 600 milhões.
Atentos ao desenrolar desse processo, os controladores das principais emissoras de televisão do Brasil, como Globo, Record e Bandeirantes, acompanham as movimentações do dono do SBT, que tem uma rede de retransmissoras espalhada por todo o País e boa parte da verba publicitária. Meses atrás, uma nota publicada na coluna da jornalista Mônica Bergamo, insinuou que o Eike Batista poderia ser um comprador – mas o bilionário carioca teria recuado, diante das pressões de concorrentes.
Agora, quem desponta como o mais provável comprador do SBT é o grupo português Ongoing, do empresário Nuno Vasconcellos, sócio da Portugal Telecom e também da Oi, comandado no Brasil por sua esposa, Maria Alexandra Vasconcellos. De dois anos para cá, o Ongoing, através de seu braço Ejesa, tem sido o maior investidor da mídia brasileira, tendo criado algumas publicações, como o jornal “Brasil Econômico”, e comprado outras, como “O Dia” e “Meia Hora”, ambos do Rio de Janeiro. Como a lei brasileira impede que grupos estrangeiros tenham mais de 30% do capital de veículos de comunicação no Brasil, o Ongoing também tem sido atacado, com frequência, pela Associação Nacional de Jornais, a ANJ.
Oligopólios familiares
Em entrevista recente ao jornalista Éder Fonseca, colaborador do 247, a empresária Maria Alexandra Vasconcellos falou sobre as pressões que enfrenta. “No Brasil, a imprensa é formada por grandes grupos familiares e a chegada da Ejesa, que fez investimentos como há muito não se via, balançou essa estrutura”, disse ela. “Os oligopólios são prejudiciais à população”.
Até agora, o Ejesa vem crescendo discretamente. Come pelas beiradas, como dizem os mineiros. Mas se efetivamente entrar no SBT, como parece ser o desejo de boa parte do governo federal, passará a ser um player de primeira grandeza.
Fonte: Brasil 247

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