A história secreta da renúncia de Bento XVI


Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.


Bento XVI: uma renúncia estratégica

Ao ver o barco da Igreja Católica Romana quase à deriva, principalmente nos campos da ética pública e da ética privada, Joseph Ratzinger preferiu optar por viver semi-isolado a sua condição de octogenário. Não é de agora a intenção de Ratzinger, revelam fontes vaticanas como o ex-arcebispo de São Paulo, cardeal Cláudio Hummes. A análise é de Dermi Azevedo


Um argentino no coração da Cúria vaticana

Membro do círculo íntimo de João Paulo II, virtual ministro de Bento XVI, Leonardo Sandri figurou inicialmente nas especulações sobre os cardeais com chances de chegar a papa. Suas relações na Argentina com os setores mais conservadores. O que dizem os Vatileaks. O artigo é de Martín Granovsky, do jornal argentino Página/12.


O pastor de lobos
A história de Bento XVI só pode ser compreendida quando se analisam os papéis desempenhados pelos personagens que estiveram ao lado dele, como o arcebispo alemão Georg Gänswein, o “bello Georg”, prefeito da Casa Pontifícia, o mordomo Paolleto Gabriele, o monsenhor Carlo Maria Viganò, ex-governador do Vaticano, e o cardeal Tarcísio Bertone, secretário de Estado do Vaticano. O pastor de Cristo alimentou com as próprias mãos os lobos que o cercavam e viu-se, ao final, devorado por seus próprios lobos. A análise é de Francisco Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro


Entre Berlim e o Vaticano

No mesmo ano em que foi eleita na Alemanha a democrata-cristão Angela Merkel, em 2005, o cardeal alemão conservador Joseph Ratzinger tornou-se Papa, e, desde então, apesar de suas “trapalhadas” internacionais, tem tido um papel decisivo na luta ideológica dentro da União Européia. Defendendo a necessidade de a Europa voltar às suas raízes cristãs, para recuperar sua identidade e liderança mundial. Daí sua crítica ao Islã e à entrada da Turquia na UE. A análise é de José Luís Fiori, produzida em 2009 e totalmente atual.


Que tipo de Papa?

Devemos discernir com inteligência o que atualmente melhor serve à mensagem cristã no interior de uma crise ecológica e social de gravíssimas consequências. O problema central não é a Igreja mas o futuro da Mãe Terra, da vida e da nossa civilização. Como a Igreja ajuda nessa travessia? Só dialogando e somando forças com todos. Por Leonardo Boff


Escândalos, perda de fiéis e de dinheiro ameaçam o Vaticano

A investigação por lavagem de dinheiro envolvendo o Banco do Vaticano, as revelações feitas pelo mordomo Paolo Gabriele, os escândalos de pedofilia e o número decrescente de fiéis e doações são alguns dos problemas mais graves de uma igreja que, segundo uma investigação da revista inglesa ‘The Economist’, gastou em 2010 cerca de 171 bilhões de dólares. A reportagem é de Marcelo Justo, de Londres.


O intelectual da ortodoxia termina seu ciclo deixando como legado um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras, mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social irradiada do Vaticano.


Os conservadores argentinos sonham com um papa próprio
Como em 2005, quando Ratzinger foi eleito, os conservadores argentinos voltam a sonhar em ter um homem seu no Vaticano: o cardeal Jorge Bergoglio. Mas o papel desempenhado pela Igreja argentina e pelo cardeal na ditadura militar (1976-1983) torna quase impossível a escolha de um personagem com semelhante currículo.


Bento XVI renunciou, viva o papa!

A Igreja, arejada por tempos novos na sociedade, seculares e republicanos, não poderá ficar à margem de um processo histórico contagiante. Talvez temas congelados – como a contracepção e o celibato obrigatório – terão que esperar futuros pontificados ou outros concílios, mas estarão cada vez mais presentes e incômodos, num horizonte que desafia os imobilismos. O artigo é de Luiz Alberto Gómez de Souza, diretor do Programa Ciência e Religião da Universidade Candido Mendes.


A renúncia do Papa tem um significado político

O Vaticano viveu no pontificado de Bento XVI uma crise a respeito de sua influência social e política, agravada pela perda de credibilidade moral com os escândalos de pedofilia e a crise financeira.


Análises sobre o próximo papa
Pega de surpresa, a imprensa europeia tenta entender por que Bento XVI adiantou seu adeus. Uma das possiblidades aventadas é o levante de movimentos católicos conservadores e rentáveis como Legionários, Opus Dei e Comunhão e Liberação, que agiram contra um papa que ameaçava ‘limpar a igreja’, ainda que moderadamente, daqueles que cometeram delitos financeiros ou eram advogados de pedófilos. A análise é de Martín Granovsky, do Página 12


Papa Bento XVI anuncia renúncia em Roma
O papa Bento XVI anunciou que deixa o pontificado no dia 28 de fevereiro deste ano. Esta é apenas a segunda vez que um papa da Igreja Católica renuncia ao pontificado. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (11) pelo Vaticano, o papa justificou sua decisão alegando idade avançada e disse ter consciência da gravidade de seu ato.


Gustavo Gutiérrez, o pai da teologia da libertação
No dia em que o Papa Bento XVI anuncia a renúncia a seu pontificado conservador, ‘Carta Maior’ publica uma reportagem inspiradora sobre o teólogo peruano Gustavo Gutiérrez (foto). Aos 84 anos e vivendo em Lima, ele é considerado o iniciador da Teologia da Libertação, que promoveu o reencontro da religião com os pobres e a justiça social.


Igreja Católica ajudou ditadura com desaparecidos, diz Videla
O ex-ditador argentino Jorge Videla deu novas informações a uma revista de Córdoba sobre a cumplicidade da Igreja Católica com a ditadura militar. Falou sobre como os bispos Pio Laghi (ex-núncio apostólico) e Raúl Primatesta, entre outros, ajudaram a ditadura. Não só assessoraram os militares sobre como lidar com a questão dos desaparecidos. Também ofereceram seus “bons ofícios” para informar a algumas famílias do assassinato dos filhos, garantindo-lhes que não os tornariam públicos. Compreende-se por que até hoje a Igreja não excomungou Videla. O artigo é de Horácio Verbitsky, do Página/12.


José Luís Fiori
Um alemão conservador
Joseph Ratzinger não esconde sua visão de uma União Européia que engordou demais e perdeu sua capacidade de ação coletiva, gerida por liberais e social-democratas sem capacidade de liderança mundial. Ele não esconde sua crítica à incorporação da Turquia ao bloco europeu (texto republicado).



Washington Araújo
Bento XVI: Muito além da idade, muito aquém do fogo amigo
A resistência às mudanças em um mundo e em uma época que têm na própria mudança sua maior e mais momentosa característica destaca-se em alto relevo na presente crise que engolfa o Trono de Pedro.

Pela: Carta Maior

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