Interior: a nova morada do tráfico


Cena um: policiais chegam atirando para cima. O estampido e gritos dos agentes de segurança pública rasgam o silêncio do meio dia e causam alvoroço entre a população. Curiosos e assustados, dezenas ocupam as calçadas. Todos querem saber quem será preso. Com algemas no pulso, agitada, a mulher detida ameaça uma vizinha: “Já morreram três, para morrer mais uma não falta nada”.

ena dois: um dia antes, a quase 300 quilômetros dali, uma jovem é presa com quase três quilos de droga na bolsa. Depois de receber uma denúncia anônima, policiais do Grupo Tático Operacional (GTO) cercaram o taxi onde a moça estava e efetuaram a prisão. No dia seguinte, na mesma cidade, a polícia apreendeu mais cinco de drogas – maconha e crack – em posse de uma adolescente. 

Há alguns anos, as cenas relatadas acima não faziam parte do cotidiano daqueles que moram longe dos grandes centros urbanos. No Rio Grande do Norte, drogas e violência exacerbada estavam praticamente restritas à capital e cidades de maior porte. Não é mais assim. A interiorização do tráfico mudou a rotina dos potiguares. Seja na capital ou interior, o medo de ser a próxima vítima da violência divide espaço com o desespero dos familiares daqueles que perderam a luta contra as drogas.


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