Henrique Alves afirma que “eleição não é guerra”, mas se for, está preparado


Candidato ao governo do Estado pelo PMDB, o presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, tem ao seu lado 18 partidos. E por pouco, por muito pouco, como ele mesmo ressaltou, não tem 19. Quem seria o décimo nono? O PSD de Robinson Faria, “principal” adversário dele no momento.

Em entrevista ao Jornal Verdade, da Rede TV RN, o candidato peemedebista revelou uma conversa que teve com o atual vice-governador do Estado e afirmou que quase era apoiado por ele para a disputa estadual. “É difícil Robinson dar uma declaração nesse sentido porque ele sabe, ele sabe que conversou comigo sobre a oportunidade de me apoiar para governador”, afirmou Henrique, respondendo sobre os comentários de Robinson que chama a aliança encabeçada pelo PMDB de “acordão”.

Leia a entrevista na íntegra de Henrique Eduardo Alves ao Jornal Verdade:

Jornal Verdade – Deputado, o senhor 44 anos de vida pública sempre no parlamento. Por que decidiu ser governador do RN?

Henrique Eduardo – Muitos me fazem essa pergunta e meu projeto, todos sabem, era de renovação do meu mandato federal. Cheguei até a sonhar, quem sabe, numa reeleição na presidência da Câmara dos Deputados, que é uma cadeira importante não só para Henrique, mas para o Rio Grande do Norte, ocupar esse espaço neste um ano e meio. Mas aí o partido, por ser o maior do Estado hoje, ter mais de 55 prefeitos e mais de 400 vereadores, então foi natural a pressão, depois de 12 anos fora do poder, o PMDB comandando, foi natural a pressão. Henrique que é expressão nacional, Garibaldi ministro de Estado, por que não uma candidatura própria do PMDB? Isso começou a crescer e, naturalmente, os nomes Henrique e Garibaldi. E não me diminui em nada dizer que mais Garibaldi que Henrique. Ele, na verdade, é meu líder, tem a maior liderança, é o melhor de todos nós. E, depois, Henrique. Mas Garibaldi usou um argumento, para mim, fatal, ele disse assim: Henrique, eu já fui três vezes candidato, você quer que eu seja a quarta e você não foi nenhuma. É a primeira, é a sua. Então, um argumento que bateu muito, essa é a verdade, então eu disse: está bom, Garibaldi, eu serei candidato, vamos construir essa candidatura. E a partir daí eu decidi ser candidato com muita honra e o mais importante e honroso da minha vida pública.

JV – Mas Garibaldi sempre foi candidato e, mesmo tendo perdido a eleição, nunca ficou sem mandato, porque ele era senador, disputava o governo e não perdia. A situação do senhor é diferente. Se perder, fica sem mandato. Em algum momento teve receio dessa situação?

HE- Não. Acho que depois de 44 anos de vida pública, esse desafio maior eu teria que aceitar. Acho que é o destino que me coloca, neste momento, de poder disputar o voto e conquistar, na consciência dos norte-rio-grandenses o direito de ser governador. A hora chegou, o momento chegou e eu estou pronto para essa missão e, repito, vai ser a mais honrosa e o maior desafio da minha vida pública.

JV – Candidato, Robinson Faria disse que esse “acordão”, que são os 18 partidos que apóiam o senhor, e falou também desses ex-governadores que falam em mudança que, na visão dele, não existe. O que o senhor acha disso?

HE – Acho que essa questão da eleição as pessoas têm que tratar com muita seriedade. Primeiro eu não considero Robinson o principal adversário. Para mim, serão todos iguais. O respeito é o mesmo que tenho por um e por outros. Robério, Simone, Araken… Respeitarei a todos e tratarei a todos igualmente. É difícil Robinson dar uma declaração nesse sentido porque ele sabe, ele sabe que conversou comigo sobre a oportunidade de me apoiar para governador. Nós tivemos não foi só uma conversa. Foi mais de uma conversa. E não foi só eu e ele. Outras pessoas participaram e, como dizem no futebol, por pouco, muito pouco, ele não está do nosso lado, no nosso palanque. Então essa questão… Se ele tivesse, se o encaminhamento partidário, se a questão partidária tivesse dado certo, como por pouco, muito pouco, não deu, seria acordão? Quer dizer, essa coisa, não dá mais para esse tipo de explicação, sabe? Meia verdade. Não é assim. Eu respeito muito Robinson, tenho uma amizade por ele, que não é de agora, é de muito tempo, mas essa não é a verdade dos fatos. Nós conversamos, nos entendemos, de forma respeitosa, republicana. Em nenhum momento ele colocou como pré-condição nada que não fosse público, que fosse uma coisa que não pudesse ser divulgada após o entendimento, mas não deu certo, pelo detalhe de composição partidária. Mas poderia ter dado. E se todos estivessem aqui, causaria em que? Então, entendo que isso é nervosismo do adversário. Eu entendo a insegurança deles, porque nós estamos conseguindo reunir lideranças do nosso Estado, pessoas experientes, que vão me ajudar. É um privilégio que eu tenho poder chegar ao Governo com essas pessoas ao meu lado. Para dizer: “Henrique, esse caminho eu tentei e não deu certo, não vá por aqui”. Então, vou ter pessoas como Geraldo Melo, como Garibaldi, como José Agripino, como Wilma, para me ajudar a acertar mais e errar menos. Considero um privilégio ter um arquivo vivo tão atuante. Mas uma coisa é a composição política, partidária, as coligações, a outra é o eleitor, que vai decidir; e mais: vai decidir por quem apresentar propostas mais factíveis, realistas, verdadeiras.

JV – Candidato, o senhor tem 18 partidos no mesmo palanque. Mesmo assim, não há um crescimento tão grande do senhor nas pesquisas. O que o senhor fala sobre isso?

HE – Meus adversários fiquem tranqüilos. Porque estou tão satisfeito com meus 38%, 39%, que variam de pesquisa para pesquisa. Chegar a quase 40%, numa campanha que, vocês sabem, está iniciando agora… As pessoas muitas vezes vão se dar conta da campanha pra valer, com envolvimento pessoal e emocional, a partir do programa eleitoral. Essa agora é, praticamente, uma pré-campanha que se inicia. Eu dou o exemplo: recebi ontem o apoio de lideranças do município de Taipu que ainda não estavam conosco. O ex-prefeito Bastinho já estava conosco e veio então o outro lado, Afrânio Miranda, que não estava ainda nos apoiando. Então vieram todos eles, completando quase 90% dos líderes públicos nos apoiar. Então, agora que essas coisas começam a construir, o povo começa a ir pras ruas. E mais: ela só irá mesmo para o eleitor, de maneira clara e contundente, pós o programa eleitoral. Então, posso dizer que estou muito satisfeito com meus próximos 40% que acho que é uma arrancada muito boa e, se Deus quiser, vou conquistar na consciência sua, do eleitor, o apoio para ser governador do Rio Grande do Norte.

JV – Na última eleição o senhor se uniu a ex-governadora Wilma de Faria, com Iberê Ferreira, para derrotar Rosalba. José Agripino estava, justamente, para tentar resgatar o Estado do que Wilma havia feito. Agora, está Wilma, José Agripino, Garibaldi e Henrique para resgatar, de quem? De Rosalba? De Wilma?

HE – Dia desses eu li uma declaração, não sei foi de Robério ou se foi de Robinson, as vezes eu confundo um com o outro, dizendo “Alves e Maia”, não votar mais em “Alves e Maia”. Aí me lembrei que o vice-governador Robinson, há quatro anos, estava votando e ajudando a eleger um Alves, Garibaldi, e um Maia, José Agripino. Enquanto eu votava em Garibaldi e Wilma para o Senado, não votei em José Agripino, ele – parece que foi ele – falando “nem Alves, nem Maia”, e ele ajudou a eleger um “Alves” e um “Maia” senadores. Então, temos que ter cuidado com essas contradições. O que nós queremos colocar para o Rio Grande do Norte, e não me diminui em nada dizer isso, a experiência me deu um sentimento maior, na busca da verdade, porque essas coisas do passado eu posso ter errado, equivocado. O Estado está numa situação tão difícil e não quero acusar ninguém aqui, dizer que se sentou naquela cadeira para fazer o mal. As pessoas querem, mas na política querer não é poder. As pessoas têm que construir situações que as permitam fazer as coisas. Então, na situação que vive o Rio Grande do Norte, atrasando funcionário público…

JV – Mas o senhor fez parte desse governo?

HE – Não, ajudei Garibaldi Filho, que teve um milhão de votos…

JV – Não, falo de Rosalba…

HE – Não, Rosalba eu não votei nela. Garibaldi votou. Eu votei em Iberê. Como nós perdemos a eleição e sou democrata, ou Garibaldi vinha pra cá ou eu ficava lá. Não podia ficar dividido Henrique e Garibaldi. Já foi uma dor muito grande me separar dele, porque nós dividimos o PMDB. Uma parte com Henrique e Iberê, outra com Garibaldi e Rosalba. Como ele ganhou a eleição, democrata que sou, disse “vou me juntar a você” e fui ajudar o Governo Rosalba. A princípio, sem qualquer indicação de cargo. De Nada. Não participei em nada do Governo Rosalba. Depois, com as dificuldades que ela estava vivenciando, nos reunimos em Brasília e propusemos a criação de um conselho político para se reunir a cada mês, discutir, debater, conhecer a situação do Estado, propor, críticas construtivas, mas isso nunca aconteceu. Aí começamos a nos afastar, porque não havia essa interação. Então, sugerimos alguns nomes e o nome que sugeri na época foi Leonardo Rêgo, do DEM de Pau dos Ferros. Indiquei o nome dele, como um nome qualificado. Outros indicaram Júnior para a Agricultura, tentando fazer um efeito melhor, mas não adiantou. Porque não houve uma interação, uma descentralização, uma arrumação política melhor no governo Rosalba. E, aí, tivemos que sair e hoje estamos numa oposição respeitosa ao Governo Rosalba.

JV – Deputado, há uma denúncia contra o senhor que foi a utilização de um bem público, que foi um avião da FAB, para levar o senhor e a sua esposa e a família dela para assistir a um jogo de futebol no Maracanã. Mas o senhor tem receio que isso venha a tona na campanha?

HE – Não, receio nenhum. Até porque, como as pessoas não sabem, vou dizer em primeiríssima mão, esse caso chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal e eu mostrei que tinha uma agenda sexta-feira com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Mostrei a minha agenda e a dele, prestei esclarecimentos e o relator propôs o arquivamento. E, mesmo assim, por iniciativa minha, levantei os custos daquela despesa e paguei integralmente. Se não me engano, R$ 65 mil. E aí o parecer foi pelo arquivamento absoluto do caso, reconhecendo que não houve dolo e nem má fé. Essa é uma informação que dou em primeira mão para frustrar aqueles que ainda pensavam em usar isso na campanha.

JV – Quando o senhor foi candidato a presidência da Câmara, vários dossiês surgiram contra você. O senhor teme também que seus adversários possam usar isso nesta eleição?

HE – Não sei se virá ou não virá, mas estou preparado para tudo. O Rio Grande do Norte vai julgar esses comportamentos. Tenho 44 anos de vida pública e as pessoas que me conhecem e convivem comigo, entra dia e sai dia, meu orgulho, meu caráter, meu trabalho dia a dia, me elegeram o presidente da Câmara, inclusive, com o voto, que agradeço muito, do meu amigo Fábio Faria (filho de Robinson). Ele me escolheu para assumir, até, a presidência da República, como assumi duas vezes. Então a minha vida é toda ela, transparente, pública. Mas se vier esse debate, da baixaria, do desrespeito, eu estou pronto para enfrentá-lo. Só não sei como vai entender o norte-rio-grandense, porque eu vou discutir proposta. Projeto para o Rio Grande do Norte, porque essa coisa menor… Vou dizer aqui mais uma vez: eleição não é uma guerra não. Quem diz isso é porque já entendeu que eleição é uma guerra. E se as pessoas foram lutar umas contras as outras, vai terminar a eleição e não teremos vencedor. Teremos um sobrevivente, todo mutilado, que quando chega ao governo não tem liderança, não tem respeito. Então, para mim, essa história zerou. Eu mudei de dentro para fora e prego aqui uma nova história, para o Estado se reerguer.

JV – O Senhor declarou que pretende gastar R$ 40 milhões na campanha, a maior da história e ontem saiu a primeira parcial, com várias doações de empresas privadas. Muitos reclamam dizendo que isso seria um investimento dessas empresas. Como o senhor ver isso?

HE – Isso é assim no Brasil inteiro no processo eleitoral, que vamos ter que, um dia, mudar. Aperfeiçoar. Tentei votar uma reforma política quando assumi a presidência da Câmara e não consegui. Espero em outubro ou novembro, quando passar a campanha, conseguir. Agora, veja bem, até R$ 40 milhões. E por que diferente dos outros? Porque eu sou apoiado por 18 partidos que se envolvem.

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