Turismo religioso ganha espaço no RN e Nordeste

As viagens motivadas pela fé mobilizaram mais de 17 milhões de peregrinos em 2014. No Nordeste, roteiros são incluídos na agenda dos fiéis, entre eles Santa Cruz (RN)
O ministro do turismo, Henrique Eduardo Alves, visita nesta sexta-feira (22), a cidade de Santa Cruz. Ele vai participar da celebração religiosa de encerramento da festa de Santa Rita. O santuário, localizado a 115 quilômetros de Natal, reúne peregrinos o ano inteiro em torno da estátua de Santa Rita de Cássia, de 56 metros, uma das maiores do mundo. Pousadas, restaurantes e comércio de produtos religiosos dinamizaram a economia local desde a construção do monumento religioso.
A padroeira da cidade, conhecida pela solução das causas impossíveis, nasceu em 22 de maio, data em que os viajantes se encontram na cidade para a peregrinação. Desde 2013, o Ministério do Turismo já repassou mais de quatro milhões para implantar um teleférico ligando a matriz, no centro da cidade, até o alto de Santa Rita. A obra está em execução com a construção das estações de embarque e desembarque de passageiros. O término está previsto para 2016.
Santa Cruz dos Milagres (PI), Bom Jesus da Lapa (BA); Canindé e Juazeiro do Norte (CE) são exemplos de destinos já consolidados pelo turismo religioso. Mais de 17 milhões de brasileiros viajaram motivados pela fé no ano passado. Algumas festas potiguares também atraem romeiros de outros estados. Além de Santa Cruz, Santana; de Caicó, Santa Luzia; de Mossoró; e Monte do Galo, em Carnaúba dos Dantas. A festa dos mártires de Cunhaú e Uruaçú, em São Gonçalo do Amarante, é outro exemplo da dimensão do turismo religioso no Rio Grande do Norte.
O turismo religioso movimenta um número cada vez maior de peregrinos pelo país. O Nordeste reúne pelo menos 250 manifestações religiosas que mobilizam turistas, sendo a região brasileira com o maior número de procissões, romarias e celebrações religiosas do país. Alguns destinos turísticos, como Santa Cruz dos Milagres, a quase 200 Km da capital Teresina (PI), têm se firmado como ponto de peregrinação. Mais de 100 mil turistas por ano passam alguns dias no município em busca de bênçãos e milagres. Eles visitam, especialmente, uma cruz no alto de um morro, onde um beato previu que a região seria fonte de milagres futuros.
Em Canindé, no Ceará, milhares de fiéis vêm de todo o país para uma romaria, especialmente entre 29 de setembro e 4 de outubro. A Basílica de São Francisco, construída no início do século XX, a estátua de São Francisco das Chagas e um museu do santo são as principais atrações religiosas da cidade. Os peregrinos chegam à cidade de carro, ônibus e até mesmo a pé. Na igreja, uma surpresa: uma exposição de esculturas rústicas feitas em madeira que retratam, principalmente, órgãos do corpo humano, oferecidos à igreja como homenagem por uma graça recebida ou promessa cumprida.
Juazeiro do Norte, também no Ceará, é outro ponto de peregrinação e recebe cerca de 2,5 milhões de devotos de Padre Cícero por ano. São, em média, 500 mil somente na Romaria de Finados, no dia 2 de novembro, de acordo com a Prefeitura de Juazeiro do Norte. A cidade, na região do Cariri, tem uma estátua do “Padim Ciço”, como é conhecido, de 25 metros de altura, no alto da Colina do Horto. Foi em Juazeiro, como sacerdote, que Padre Cícero viveu por mais de sessenta anos, até sua morte, e onde ganhou fama de milagreiro. Juazeiro tem ainda o Museu Vivo, que conta a vida do padre e fica bem ao lado da famosa estátua.
A capital baiana da fé, como é conhecida Bom Jesus da Lapa, recebe romeiros durante todo o ano. Atualmente, o período mais movimentado vai de junho a janeiro, quando o município recebe 1,5 milhão de visitantes, de acordo com a prefeitura. Uma das mais importantes romarias é a da Terra ou das Missões, que começa em julho. Ainda na Bahia, a cidade de Juazeiro celebra a manifestação religiosa dos Penitentes de Juazeiro durante a quaresma. Fiéis andam nas ruas cobertos por lençóis brancos, deixando apenas o rosto descoberto, para fazer orações pelas almas dos mortos. A tradição tem mais de 100 anos.

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