Será que poderemos ter um confisco da poupança outra vez?


As manchetes acima são recentes, veiculadas nos jornais de maior circulação do País.
Ainda assim, não transmitem a real dimensão do problema. Por isso, passaram relativamente despercebidas do grande público. Os jornais e seus leitores ainda não capturaram os desdobramentos materiais que essa dinâmica pode assumir. E há um motivo para isso: seus impactos ainda não foram sentidos de fato e estão sendo subestimados.
O alerta em questão envolve o verdadeiro confisco da poupança e o risco de quebra estrutural do setor imobiliário como um todo, o que afetará tanto o preço das moradias quanto dos aluguéis e das parcelas de quem possui imóvel financiado.
Você sabia que aproximadamente 65% dos recursos investidos pelos brasileiros na poupança são utilizados pelos bancos para o financiamento imobiliário?
E se eu lhe disser que, de janeiro a maio de 2015, exatamente R$ 32,3 bilhões foram simplesmente subtraídos da poupança?
Trata-se do pior saldo líquido da história da poupança desde que as apurações começaram, em 1995.
Um número que vem piorando:
Janeiro: R$ - 5,53 bilhões
Fevereiro: R$ - 6,26 bilhões
Março: R$ - 11,43 bilhões
Abril: R$ - 5,85 bilhões
Maio: R$ - 3,19 bilhões
O que está por trás do nível histórico de saques?
Por que tanta gente está fugindo da poupança?
Há 3 questões principais que explicam esse movimento:
1. Rumores de confisco: no mês de março aconteceu um caso emblemático neste sentido. O governo emitiu comunicado desqualificando rumores que circulavam em redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens. Ainda que infundados, os boatos de confisco alimentam a sensação de desconfiança em quem mantém dinheiro em poupança.
2. A piora na atratividade : a poupança rende em média 7% ao ano hoje, contra inflação oficial (IPCA) de 8,17% em doze meses. Diante da escalada da inflação, manter dinheiro na poupança é equivalente a destruir poder de compra; 

3. A estagnação econômica (ALERTA): com inflação alta, aumento do desemprego e queda dos salários, o brasileiro está sacando suas reservas da poupança para fechar as contas do mês, e não está conseguindo repor esse dinheiro sacado. O fluxo mensal não tem sido suficiente, portanto ele acessa o seu estoque de poupança.

A denúncia em questão é séria e diz respeito ao confisco velado da poupança - e como ele poderá provocar uma quebra estrutural do mercado imobiliário, afetando desde o preços das moradias, à decisão de compra/venda do imóvel e o valor da parcela de quem possui financiamento imobiliário.

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