PROFESSORA FRANCISCA DE ASSIS CAVALCANTI DOS SANTOS


Por Gerinaldo Moura da Silva

O mundo estava envolvido na Segunda Guerra Mundial. Era chegada a hora da derrocada das forças do Eixo e os Aliados estavam virando o jogo. 
Foi nesse cenário, mais precisamente no dia 1º de outubro de 1942 que nascia na pacata cidade de Ceará-Mirim, a normalista Francisca de Assis Cavalcanti dos Santos, filha de Manoel Apolônio Cavalcanti, que tinha por ofício ser marceneiro e era um exímio fabricante de brinquedos, destacando-se nos piões de madeira e nos ioiôs para divertimento da criançada, que ele fazia com dedicação nas horas vagas. Seu Manoel Apolônio também era músico e fazia parte da Banda de Música Municipal e sua mãe era a senhora Isabel Félix Cavalcanti. Para completar a família, nasceram mais dois irmãos: José Maria Cavalcanti dos Santos e Maria José da Silva.
Francisca de Assis iniciou seus estudos no Grupo Escolar Felipe Camarão, fazendo o primeiro ano primário no histórico prédio que foi demolido e seus alunos passaram para a nova escola que havia sido construída, com nome de Grupo Escolar Barão de Ceará-Mirim no ano seguinte, onde a mesma concluiu o primário e iniciou o Curso Normal Regional, que era dirigido pela professora Nalva Xavier em 1961.
Foi então que surgiu a sua primeira oportunidade de trabalhar e ela abraçou o ofício que mais queria e sonhara a vida inteira: ser professora! 
Era o dia 02 (dois) de abril de 1962. Francisca Cavalcanti iniciou sua carreira no Magistério, dando sua primeira aula na Usina Ilha Bela, onde permaneceu por 04 (quatro). A escola funcionava na sede do time e era subordinada ao Governo do Estado.
Após a eleição para governo do Rio Grande do Norte, Francisca foi nomeada para a Escola Estadual general João Varela e iniciou seus estudos no Curso pedagógico do Colégio Santa Águeda, graças a uma bolsa concedida pelo Dr. Odilon Ribeiro Coutinho, já sua família não tinha condições para custear seus estudos.
O sacrifício era grande, mas Francisca sempre era aprovada com distinção, pois focava em sua meta que só através da Educação ela poderia superar as dificuldades e vencer na vida e encontrou na figura da professora Vanilda Nicácio, não só uma grande gestora, mas também uma amiga que a apoiou desde sua chegada à Escola Estadual General João Varela, onde passou 11 anos, até que recebeu o convite da professora Maria de Lourdes Firmino para assumir as turmas de Língua Portuguesa, Literatura e Filosofia na recém inaugurada Escola estadual Interventor Ubaldo Bezerra de Melo onde permaneceu até se aposentar após 25 (vinte e cinco) anos em sala de aula.
Além destas escolas, Francisca também lecionou, por um curto período, no Colégio Santa Águeda, sendo professora do Jardim de Infância.
Para melhorar a sua renda, ela aceitou o desafio de ensinar no noturno em uma turma de adultos no Ginásio Industrial de Ceará- Mirim, administrado pelo Padre Ruy Miranda, permanecendo apenas por 01 (hum) ano.
Depois, a convite da professora Esmeralda Barreto, que era a coordenadora do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) no município, assumiu uma turma que funcionava no prédio do Colégio Santa Águeda, cedido à prefeitura, no horário noturno.
Sua vocação para o Magistério a fez declinar de um convite formulado pelo senhor Roberto Dantas, então diretor da Escola Estadual Interventor Ubaldo Bezerra de Melo, para que assumisse a vice direção do citado estabelecimento de ensino. Ela declinou do convite, indicando o nome do professor Jorge Natã da Silva para o cargo.
Francisca ainda trabalhou na cidade de Poço Branco, numa Escola Estadual e no CENEC-Escolas da Comunidade, a convite da professora Eponina Gabriel Soares, que exercia a função de diretora em ambos os estabelecimentos.
Seu sonho de normalista sempre a acompanhou. Quando criança brincava com suas bonecas de pano, as famosas “bruxinhas”, vestindo-as com as fardas das normalistas e naqueles momentos mágicos, transformavam-se na professora que um dia chegou a ser.

Homenagem da Acla Pedro Simões Neto

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