Em um aceno público ao PSDB, o vice-presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (28) que não será candidato à sucessão presidencial em 2018 e que apoiará proposta de fim da reeleição no país caso seja apresentada ao Congresso Nacional.
A declaração tem como objetivo atrair o apoio das diferentes alas do maior partido de oposição do país ao peemedebista, que assumirá o cargo interinamente caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada em maio pelo Senado Federal.
O grupo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ainda demonstra resistência em aceitar cargos na eventual administração peemedebista. Pelo apoio do PSDB, o vice-presidente cogita entregar o Ministério de Relações Exteriores para o senador José Serra (SP) e a Secretaria de Direitos Humanos para a deputada federal Mara Gabrilli (SP).
“Eu ficaria felicíssimo se ao final de um eventual governo, conseguisse colocar o país na rota do crescimento e o pacificasse, conseguindo dar uma certa harmonia na sociedade brasileira”, disse.
Segundo ele, o fim da reeleição, daria maior liberdade ao peemedebista para uma ação governamental, ou seja, para a aprovação de reformas estruturais, como a previdenciária e a trabalhista.
Em entrevista ao SBT Brasil, exibida na noite de quinta-feira (28), o vice-presidente se comprometeu ainda a não interferir na Operação Lava Jato, condição também imposta pelo PSDB para apoiá-lo.
“Nenhuma interferência por uma razão singela: pretendo reinstitucionalizar o país. Cada poder fará o seu papel e não haverá interferência de foma nenhuma”, disse.
O peemedebista chamou ainda de “injustificável” as críticas da presidente de que ele é “conspirador” e “golpista”, mas ressaltou que tem “muito apreço pessoal e respeito” pela petista e que a população brasileira deve respeitá-la pelo período em que ela tem atravessado.
Ele negou ainda que irá reduzir programas sociais, como o Bolsa Família, e disse acredita ter o apoio do Congresso Nacional para aprovar medidas que a atual presidente não conseguiu. Segundo ele, a sua prioridade é “colocar a economia nos trilhos” para retomar a geração de emprego.
“Tenho certeza que as medidas que viermos a propor serão compreendidas pelo Congresso Nacional”, disse. “Todo e qualquer plano econômico deve buscar a abertura de vagas para emprego, essa é a primeira providência que deve ser tomada”, acrescentou.
Ele disse ainda que a tese defendida por ministros e petista de antecipação da eleição presidencial “perdeu um pouco de substância nos últimos tempos” e disse não ficar impressionado se movimentos e entidades de esquerda protestarem nas ruas contra o eventual governo interino.
“Se houver movimento de rua, é um direito democrático desde que não seja predador e embaraçador”, disse. “Não vou dar atenção a isso, mas aos problemas do país”, acrescentou.
Em curto prazo, nos dois primeiros meses de gestão, o vice-presidente quer fixar um teto para as despesas governamentais e realizar um pente-fino em programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
O objetivo é avaliar as demandas e impactos das iniciativas. Ela também deverá se estender para alugueis, fornecedores e pessoal.
Em relação ao limite de despesas, a ideia é que ele seja estabelecido por meio de lei e seja inferior ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
No período, a proposta é também iniciar no Congresso Nacional uma discussão sobre a realização de reformas previdenciária e trabalhista, que deverão ser efetuadas, contudo, em um segundo momento da gestão interina.
O comando peemedebista defende a necessidade de fixação de uma idade mínima para aposentadoria, proposta que enfrenta resistência entre as centrais sindicais.
Para evitar um desgaste de partida, Temer defende que a questão seja melhor discutida antes do envio de uma proposta ao Congresso Nacional.
O peemedebista também pretende criar um programa de concessões e privatizações, que será gerido pelo ex-ministro Moreira Franco, que deverá ocupar cargo de assessor especial.
Nas palavras de um aliado do peemedebista, o vice-presidente precisará logo de cara mostrar que fará mudanças efetivas e que fará uma gestão superior a de Dilma. Além disso, ele terá de aproveitar uma espécie de “lua de mel” com o Congresso Nacional.
Nos cálculos do grupo do peemedebista, nos primeiros 60 dias, será possível contar com uma base aliada de cerca de 400 deputados federais e 56 senadores, quantidade que poderá ser reduzida caso o governo não consiga estabilizar a economia.
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