Imagine chegar em casa e ver o seu celular automaticamente carregando a bateria, sem precisar ser conectado aos fios, que sempre embolam e estragam no bolso. Sonhou? Pois pode acordar: engenheiros da Universidade de Washington acabam de criar uma tecnologia que permite que seu celular funcione usando apenas a energia “roubada” de TVs, aparelhos de rádio ou roteadores.
Hoje, para ser transmitido, o sinal de Wi-Fi precisa de duas coisas: uma frequência digital (conhecida como banda digital) e uma frequência de rádio analógica. As duas juntas enviam pacotes de informação que são recebidas, por exemplo, pelo seu celular.
Só que tem um problema: enquanto a tecnologia da banda digital tem melhorado com o tempo, permitindo que a informação seja transmitida quase sem gasto de energia, o dispositivo de rádio tem sido negligenciado – ele parou no tempo, e ainda precisa de um bocado de energia para funcionar (é isso que torra a bateria do seu smartphone enquanto você manda mensagens de Facebook para o crush).
É aí que o “novo Wi-Fi” entra. Os cientistas eliminaram a necessidade do obsoleto dispositivo de rádio para gerar o sinal usando um princípio chamado retrodifusão – ou reflexão de ondas. Para isso, eles criaram um dispositivo Wi-Fi que, em vez de gerar o sinal usando a combinação rádio + banda (gastando horrores de bateria), reflete ondas de rádio vindas do ambiente (da TV, por exemplo) e as reutiliza para construir um novo sinal. E mais: o dispositivo também transforma um pouco das ondas que capta do ambiente em energia para se autocarregar.
Os cientistas já construíram um novo dispositivo Wi-Fi potente o suficiente para enviar informações a 30 m de distância e através de paredes. Além disso, ele consome 10 mil vezes menos energia do que os atuais dispositivos de transmissão e captação. Outra vantagem especulada: o custo de um aparelho emissor/receptor de “Wi-Fi passivo” poderia ser menor que um dólar.
E não é só o seu celular que vai se beneficiar da nova tecnologia: se vingar, ela pode ser aplicada em vários dispositivos como câmeras de segurança – para que elas fiquem sempre ligadas, alimentadas apenas pelos sinais emitidos por outros aparelhos – ou como os objetos da sua casa – uma geladeira inteligente que peça comida sozinha sem gastar energia seria bem legal, hein?
Até agora, os pesquisadores conseguiram uma velocidade de 11 megabits por segundo (Mbps), quase quatro vezes mais que o triplo da velocidade média aqui no Brasil, que é 3 Mbps. E os caras estão trabalhando para deixar a conexão ainda mais rápida. Por essas e outras, o “novo Wi-Fi” já está na lista das 10 tecnologias mais promissoras de 2016, segundo o MIT. Vamos aguardar.
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