É muito comum, durante o inverno, os hospitais ficarem cheios de pacientes com problemas respiratórios. Uma das causas, além do clima que contribui para o quadro, é que a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) é crônica e seu tratamento precisa ser feito sem interrupções, porém, muita gente não faz. “Geralmente a medicação é administrada corretamente apenas durante as crises e, quando o paciente se sente melhor, interrompe o tratamento”, diz o Dr. Roberto Stirbulov, pneumologista e Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Isso significa que não é porque estamos no verão que as pessoas com problemas respiratórios não precisam se preocupar, pelo contrário, elas precisam se tratar para que o estado não se agrave durante o inverno e, também, para aproveitar melhor as férias de verão, o carnaval e fazer com maior tranquilidade atividades físicas.
Muitos médicos têm se reunido para discutir a questão da adesão ao tratamento. Uma publicação de 2012 (Adherence to drugs*), que reuniu 21 estudos de vários países do mundo, aponta que nos países mais desenvolvidos e com mais recursos, a adesão ao tratamento não ultrapassa 50%. Em países mais pobres, a adesão ao tratamento é de 20%. A cada três receitas, pelo menos uma não é sequer utilizada. E, se essa receita possuir mais de três medicamentos, menos de 50% dos remédios serão, de fato, comprados, e que apenas 15% dos pacientes permanecem tomando o medicamento ao longo de um ano.
Segundo a OMS, a DPOC aumentou a mortalidade em 340% nos últimos 20 anos no Brasil. No mundo, afeta 210 milhões de pessoas, sendo a quarta causa principal de morte e será a terceira em 2020, ou seja, uma morte a cada quatro minutos no mundo. “Se não encontrarmos uma maneira de educar os pacientes o setor entrará em colapso em pouco tempo, isso porque falamos aqui apenas da DPOC. É preciso uma ação forte para que se compreenda o momento que estamos passando”, conclui dr. Roberto.
O que é a DPOC
É uma doença debilitante, progressiva, que dificulta a respiração, provoca tosse, fadiga e muitas infecções respiratórias associadas a uma mortalidade importante. Suas manifestações podem ser bronquite crônica - que envolve tosse prolongada com muco excessivo – ou enfisema - que envolve a destruição dos pulmões ao longo do tempo. A maioria das pessoas com DPOC tem uma combinação de ambas as condições.
O tabagismo é responsável pela maioria dos casos de DPOC, o que significa que mais de 50% dos fumantes terão a doença aos 70 anos, e 12% da população fumante acima de 40 anos já tem a doença, sendo ela uma das enfermidades respiratórias mais comuns em adultos, de evolução silenciosa até que sintomas se manifestem.
A DPOC não tem cura, mas existem medicamentos que aliviam os sintomas e evitam que a doença piore.
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