A condenação de Lula fez com que o apresentador apertasse o passo no plano presidencial, que o global já havia demonstrado que não desistira.
Se Luciano Huck já havia demonstrado que não desistira do plano presidencial com a aparição no Domingão do Faustão, a condenação de Lula fez com que apertasse o passo. Huck não esteve com Guillaume Liegey, estrategista de Emmanuel Macron que visitou esta semana no Brasil para vender seus serviços a partidos e postulantes ao Planalto, mas emissários do apresentador estiveram com o francês.
Além disso, o global retomou a comunicação intensa com o PPS, cujo presidente, Roberto Freire, ainda sonha em lançá-lo.
Entusiastas da ideia argumentam que Lula deixou órfã uma fatia do eleitorado de classe média-baixa que atribuía ao petista uma melhora de vida experimentada em seu governo. Para essas pessoas, Huck pode ser visto, mais que políticos tradicionais, como alguém capaz de “mudar a vida” das pessoas.
O PPS seria uma incubadora adequada ao projeto, por ser um partido “anódino” o suficiente para receber movimentos como o Agora!, que dariam suposto lastro social a Huck.
O empresário não fará movimento explícito antes de abril. Não quer abrir mão do “contato semanal com 20 milhões de pessoas pela TV”, segundo um interlocutor, e vai observar se os demais candidatos do centro conseguem se firmar e empolgar o eleitorado.
DE CASA
Ex-secretário de Alckmin, padrasto atua por global
Um dos timoneiros da estratégia discreta de rearticular o plano presidencial de Luciano Huck é o padrasto do apresentador, Andrea Calabi. Ex-secretário da Fazenda de Geraldo Alckmin, é Calabi quem tem reunido economistas com quem o apresentador conversou nos últimos meses e dos quais volta a se aproximar.
FARINHA POUCA
Dinheiro curto para campanha vira argumento pró-reforma
Enquanto nos holofotes o presidente Michel Temer faz um esforço de comunicação em programas populares em prol da reforma da Previdência, na negociação de votos na Câmara os ministros apelam para um tema sensível aos deputados: o financiamento de campanha. Um dos argumentos que têm sido usados no convencimento dos reticentes é o de que, na falta de recursos privados, a estrutura do governo nos Estados e municípios e o peso de emendas será maior para assegurar a reeleição dos fiéis. Trata-se de uma ampliação da “doutrina Marun” para além dos bancos públicos.
RAIZ X NUTELLA
Contra Barbosa, ala do PSB quer candidato com ‘história’ na sigla
O candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva em 2014, Beto Albuquerque, entrega hoje à direção do PSB um manifesto em defesa de uma candidatura à Presidência de alguém com história na sigla. O ex-deputado gaúcho, que flerta com a ideia de ser o postulante, representa um setor contrário à filiação e candidatura do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa. “Alguém no PSB já tomou mais que um café com o Joaquim Barbosa? Como querem que seja nosso candidato a presidente?”, questiona.
PIOR DO QUE ESTÁ…
Planalto vê ‘desgaste geral’ em novela Cristiane Brasil
Mesmo atônito com os desdobramentos da nomeação até aqui frustrada de Cristiane Brasil para o ministério, o Palácio do Planalto mantém a orientação de aguardar os recursos judiciais e não tomar nenhuma iniciativa política para dissuadir o PTB da escolha. A avaliação é que o desgaste é geral: da sigla, da deputada e de Temer. Mas o recuo, agora, só poderia vir do partido de Roberto Jefferson.
VAI ANDAR
Delações de Palocci e Pinheiro avançam com equipe de Raquel
O estilo Raquel Dodge de delação premiada pode ser bem mais cauteloso e menos espalhafatoso que o de Rodrigo Janot, mas quem atua na elaboração dos dois mais aguardados acordos em negociação – o do empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS, e o de Antonio Palocci – garante que eles avançam e serão selados ainda no primeiro trimestre. A condenação de Lula sob o argumento de que agiu diretamente no petrolão validou os anexos oferecidos por ambos, dizem os negociadores.
Por Vera Magalhães
Estadão
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