Lula não é candidato, embora diga que é. A alternativa petista a ele, Fernando Haddad, foi pesadamente atingida pela delação premiada de João Santana e Mônica Moura, seus marqueteiros da campanha para prefeito. Joaquim Barbosa pensou melhor e desistiu da candidatura: se as costas lhe doíam tanto que o levaram a se aposentar do Supremo, doerão também se for presidente. E histórias como a do apartamento de Miami, de problemas familiares e outras, verdadeiras ou falsas, surgirão no moedor de carne que é uma campanha eleitoral. Melhor dar pareceres e ficar sossegado.
No campo que se classifica como “de esquerda”, só Ciro Gomes vai crescendo. É um nome para se prestar atenção – desde que pense bem no que fala. Já perdeu muitos pontos, apesar de ter carisma, dizendo algo que pegou mal.
Nos meios políticos, excetuando-se setores mais radicais, ninguém está satisfeito com a prisão de Lula. Há quem ache que a prisão só o favorece, há quem sustente que divergência política deve ser resolvida por meios políticos, e que ele deveria ser punido de maneira menos dura, com devolução do que for possível recuperar e proibição de se candidatar. E há quem tema pelo próprio futuro: se Lula, que desperta devoções profundas, vai preso, que acontecerá com outros líderes sem o seu prestígio? Em outras palavras, é bom protegê-lo, pois protegê-lo é sinônimo de proteger-se. Mas há um problema: é preciso mudar a lei de tal maneira que Lula seja só um dos beneficiados. Beneficiá-lo diretamente seria hoje impensável.
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