Pesquisa em andamento aponta que morrem três vezes mais pessoas pelo Coronavírus nas regiões mais pobres de Natal (RN) do que nas regiões mais ricas. Não é por acaso. Com promessas de aberturas de leitos e vagas de UTI que não se concretizam, os pobres se veem abandonados pelo serviço público que deveria lhes dar assistência. Quase todos os leitos para Covid-19 já existiam, apenas foram separados para essa finalidade, quase nada foi construído. Vagas de Uti mostram a mesma realidade, são obras programadas e contratadas em governos anteriores, para amenizar a superlotação e filas já existentes de pacientes.
O Hospital de Campanha estadual gorou porque a Empresa não tinha experiência no gerenciamento nem tinha respiradores, seria um sumidouro de dinheiro, as Utis do João Machado, Macaíba, e até do hospital referência para Covid, o Giselda Trigueiro, ou já existiam, ou estão esperando uma empresa terceirizada, contratada de fora do Estado para gerenciar. No meio da pandemia o governo ainda arranjou tempo para contratar outra empresa terceirizada para gerenciar o Samu. Detalhe, a empresa não tinha médicos nem nunca tinha gerenciado unidades de saúde.
O Samu distribuído em várias regiões do Estado vai agonizando com falta equipamentos de proteção, falta de treinamento e mesmo de profissionais habilitados. Reunidos no Consórcio Nordeste, nove governadores adiantaram a uma Empresa 48 milhões para comprar 300 Respiradores. O dinheiro sumiu, a empresa diz que não tem como devolver e uma empresária diz que 12 milhões ficaram com intermediários. Enquanto isso pacientes penam para conseguir um leito hospitalar, uma paciente ficou quatro dias numa ambulância esperando vaga numa Uti.
A corrupção e a desassistência na saúde matam 20 mil pessoas por ano, e oitenta por cento dos municípios brasileiros apresentavam, segundo afirmou o delegado federal Rolando Alexandre em 2017, indícios de corrupção na saúde, educação ou infra-estrutura. Na saúde já tivemos os escândalos da máfia das ambulâncias, máfia dos vampiros, cartéis nas contratações públicas e agora, em plena pandemia, vemos investigações da polícia federal no Rio de Janeiro, Pará e Amazonas. A operação parece que vai se estender por todo Brasil. Há tudo a ver entre corrupção e a morte três vezes maior dos pobres que precisam da saúde pública na pandemia, do que os assistidos pelos planos de saúde e rede privada.
Geraldo Ferreira Presidente do Sinmed/RN
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